domingo, 9 de novembro de 2008

Graças à DEUS e aos ANJOS




Jamais questionei DEUS.

Desde pequena acordava e ia dormir com Deus, Santa Maria, Bebê Jesus, Menino Jesus, Adulto Jesus, Nossa Senhora e o Santo Anjo da Guarda. Sem contar que havia sempre por ali e acolá- a presença do Diabo (o inevitável cão- como chamava quando menina), o espírito das trevas, aquele que faz parte do Sistema, o mestre da tentação... e de quem me arrepiava de mêdo, às vezes somente em ouvir o pronunciar do seu nome.

Cresci entre uma mãe católica e um pai católico.
Papai embora criado na religião católica, antes de se ajoelhar para rezar, obedecia à uma filosofia -e fazia seu possível (e impossível)- para seguir os passos do pai e avô dele que acreditaram e seguiram os princípios da "Ordem da Maçonaria", da qual eram associados.

Fui batizada, fiz primeira comunhão e estudei até o final do ginásio, em Colégio de freiras. Primeiro no Instituto São José em Rio Branco, depois no Colégio Santa Rosa, em Belém, mas nunca me senti uma “cristã” exemplar e a primeira chance que tive, me rebelei e pedi que mamãe me tirasse da tutela (e de debaixo das saias) das Freiras.
Fui estudar no (Sociedade Civil) Colégio Moderno, em Belém.

Já na Faculdade, como todo adolescente rebelde e confuso, eu vivi uma fase muito violenta de questionamentos e de impulsos suicidas. Sim. Porque era romântica e como os românticos eu precisava ir até o fim do ato do romantismo e morrer de amor, no sofrimento, na amargura, na obscuridade e no desespero.
Havia uma bela causa para morrer (ou melhor, me matar) e eu ia me estrangular ou cortar as veias, sangrar até a última gota, motivada pelo meu profundo egocentrismo desesperadamente amoroso e apaixonado.

Nazareno Tourinho (e sua generosidade) me resgatou do suicídio e com seus conselhos comecei a ler os livros de Alan Kardec e tive pela primeira vez um contato com a Doutrina Espírita. Foi uma revelação.
Mas a vida continuou e deixei o Espiritismo.
Continuei viva e curiosa, mas sem praticar nenhuma religião.
Na minha vida de adulta continuei lendo e num outro momento que me senti desesperada, aqui em Londres, busquei conforto, novamente na Doutrina Espírita.
Durante um ano certinho eu fui aos encontros e li, estudei e pratiquei.

Hoje eu me recuso fazer parte de “clubes”, associações, entidades.
Eu preciso viver a vida sem “laços” e sem carteirinhas de sócio.
Não tenho nenhum tipo de fanatismo, não sou adepta à seitas nem crenças nem rituais, nem religião. Minhas duas filhas não são batizadas, não torço para time de futebol, não tenho grupo de rock, não tenho ídolos, não assino nenhum jornal nem revista, não freqüento os Alcoólatras Anônimos nem tenho preferência por escola de samba no carnaval, não tenho partido político, não faço passeata nem desfilo com bandeiras, não uso crachás, não uso griffes, não sou vegetariana, não tenho nenhum tipo de convicção, não sigo nenhuma filosofia Budista ou oriental nem ocidental, apenas pratico meditação porque sou muito nervosa, energética e agitada.
Meditar 15 minutos por dia me ajuda a enfrentar o batente.
E continuo com o desejo de me "sentir livre" para acreditar e cultuar o que eu acho o certo, para mim.
Sou tolerante com a religião e crença dos amigos, parentes e desconhecidos.
Não questiono a fé e obediência de ninguém (ao contrário, tenho respeito e admiração pelos que acreditam, sobretudo os disciplinados) e acho que cada um tem o direito pleno de acreditar e rezar no livro que bem entender e desejar.
Se minhas filhas quiserem seguir uma religião eu não vou impedí-las.
Eu decidi cultuar a HONESTIDADE do espírito e levar uma vida fazendo e praticando o BEM. Procuro ser (à medida do possível) Politicamente Correta, fico do lado dos pobres e indefesos se tiver que escolher um lado e faço reciclagem do meu lixo, como comida orgânica, se não puder como qualquer tipo de comida e procuro economisar o máximo que posso na minha casa (energia, água, gás) etc... e decidi que essa é minha religião e minha filosofia.

Ontem eu sofri um acidente.
Maya estava comigo no carro.
Eu havia acabado de sair de um estacionamento e pegava uma rua muito estreita, como são algumas ruas aqui de Londres, algumas delas, muitas vezes- duas mãos.
Mas essa rua era mão única, muito estreita, ambos os lados empilhados de carros estacionados e me lancei.
No momento em que eu perguntava “Maya, e o cinto, já colocou?”
Antes que ela pudesse responder eu freiei bruscamente, porque um homem apareceu bem na frente do meu carro, não sei de onde saiu.
Literalmente ele ocupou o MEIO da rua, com a porta do carro dele aberta.
Eu tive tempo de dizer “Meu Deus!” e a Maya voou para frente, batendo com a cabeça no vidro do painel do carro.
O vidro rachou de cima em baixo.
Examinei a cabeça da Maya, saber se ela não tinha nenhuma ferida ou uma lesão.
O homem que se aventurou na frente do carro apenas olhou para mim e continuou o que estava fazendo.
Ele estava colocando um guarda-roupa no maleiro do carro dele e não se importou de pedir “emprestado” a rua – onde eu ia passando dirigindo o carro.
Não havia o que entender.
Era ELE ou EU/meu carro, naquele espaço.

Automaticamente eu abaixei o vidro da minha janela e gritei por “Socorro”.
Pedi que o homem viesse me ajudar, ver de perto o que havia acontecido.
Duas outras pessoas apareceram e percebi que estavam juntos.
Eu insisti que viesse (POR FAVOR) ver o que havia causado, pedi que me AJUDASSE.
Me sentia tal chumbo, tão pesada e meu coração batia acelerado.
Tive mêdo.
Pedi. "Senhor por favor, me ajude".
O homem disse em voz alta, para todos ouvirem, “Não é problema meu, não me culpe por seus erro.”, e me ignorou.
Estava acompanhado inclusive de uma senhora idosa, os três continuaram empurrando o armário para dentro do carro deles, como se nada tivesse acontecido.
Percebi que falavam inglês com sotaque estrangeiro.

Muito nervosa e confusa, sai do carro e peguei meu celular.
Meu primeiro intuito foi chamar 999, o número da Polícia que também é ligado ao serviço de ambulância.
Nesse momento, não esquecendo que estava no MEIO de uma rua, estacionada,
um carro se aproximou e parou atrás do meu.
Tive tempo de ler, escrito: “Polícia” no capô do automóvel e nas portas.
Disse para mim mesma, “Só pode ser um Milagre de Deus.”
Andei em direção do carro, dele desceram dois Policiais Ingleses.
Um deles ficou comigo o outro seguiu para ver o que havia acontecido, pois nesse momento os dois homens e a mulher pareciam inquietos, na calçada.
Não ouvia o que diziam mas o Policial gritou com eles com autoridade e ai subitamente eles fizeram silêncio.

Tive tempo de explicar o que EU HAVIA VIVIDO naqueles últimos minutos, para o Policial que havia ficado comigo. Ele pediu que eu me acalmasse e me acompanhou para ver a Maya, que, coitadinha, estava COLADA, sentada no banco do meu carro. Olhos arregalados, em silêncio.
Peguei-a nos braços e a consolei.
Só pude dizer “Graças à Deus, você está viva”.

Bem, ficamos todos ali, na rua, fazendo o constato e perícia.
Cada um dava sua versão dos fatos.
Tinha razão, o Homem e seus amigos eram Filipinos.
De repente, tomei um susto, pois uma ambulância chegou imediatamente.
O Policial havia pedido que viessem examinar a cabeça da Maya.
Ele explicou que fez isso por prudência.

Quanto à mim, tive que assoprar num “balão”.
Fazia parte da investigação para ver se estava dirigindo “alcoolizada”.
O teste deu negativo, obviamente.
Mas a prioridade era a Maya.
Ela estava muito calada e depois começou a chorar, soluçando.
Os dois Enfermeiros que vieram na ambulância acharam mais seguro levá-la para ser examinada por um Médico no Hospital e se necessário fazer exames.

Chegando ao Pronto Socorro, para nossa surpresa, o Martin, meu marido, estava lá.
Nesse meio-tempo a Polícia havia telefonado para nossa casa- para investigar se eu havia dado o endereço e telefone corretos e o Martin quem atendera ao chamado.
Explicaram para ele o que havia acontecido, ele já havia então ido ao local do acidente, pegado o nosso veículo e rumado para o Hospital. Chegou antes da ambulância.

Maya foi examinada. Estava bem, não havia sinais de cortes nem sangue.
Tivemos que esperar durante quatro horas num leito do PRONTO SOCORRO, tempo que ela ficou em observação, caso de haver sangramentos ou alguma lesão interna.
Fomos liberados, deixamos o hospital, chegamos em casa 9 horas da noite.

Ajoelhei e REZEI.
Agradeci à Deus por minha filha estar viva e sã.
Agradeci à Deus por eu estar viva.
Agradeci à Deus pelo Homem (Filipino) estar vivo.


Voltando ao PRONTO SOCORRO.
Estávamos sentados, quando entraram na sala os dois Policiais Ingleses que vieram conversar com Martin e comigo. Era praxe.
Eles precisavam que assinássemos um papel, questão de protocolo e pedia que eu me apressentasse na próxima segunda feira na Estação de Polícia do meu bairro com os documentos de seguro do carro.
Eles explicaram que o Senhor (do acidente) era Filipino, morava ali naquele local com a família e tinha a intenção de transportar um armário no bagageiro de um carro (menor que o armário).
Esse Senhor Filipino disse ao Policiais que EU estava dirigindo “Feito uma louca” e que eu dizia coisas sem nexos, como se eu tivesse “Drogada”.
Disse que o acidente tinha sido MINHA culpa.

Claro que eu fiquei furiosa com essa versão, mas o Policial -que desde o início me atendeu-, me pediu que eu ficasse tranqüila.
Ele explicou que,
SE eu tivesse dirigindo “feito uma louca” - em alta velocidade, como o Filipino dissera,
a Maya teria VARADO o painel da frente do carro e
o Filipino não estaria ali, inteiro, contando lorotas (eu teria arrastado ele, a porta do carro dele e o pedaço do armário juntos)!
No entanto EU estava fora-da-lei pois saíra do estacionamento sem me certificar que a Maya havia colocado o cinto de segurança.

O Policial nos perguntou se nós tínhamos a intenção de PROCESSAR o Senhor Filipino por NEGLIGÊNCIA (falta de dar atenção e ajuda à pessoas em perigo) e nos explicou que eles já o haviam multado, por ‘tentativa de transportar objetos num carro sem qualificação para aquele tipo de carga’- e nos explicou – que se fossemos em “Juízo” iríamos ganhar a causa.
Martin e eu olhamos um para o outro e (cúmplices) dissemos a mesma frase,
quase ao mesmo tempo: “Deixe pra lá. O importante é que estamos todos com vida”.
E eu completei... “Graças à Deus”.


DOIS ANJOS enviados por DEUS.

Maya e os Dois Policiais Ingleses que nos socorreram.
A foto tirei com meu celular- a qualidade não é genial, mas o momento ficou registrado.

Amém.




7 comentários:

Anônimo disse...

É a vida de cada um. Na realidade Deus ajuda a gente a todo instante, nós é que não percebemos.Boa sorte.
Zépescador
Goiânia-GO


* saí deslizando pela rede e terminei parando no seu relato.

Anônimo disse...

Graças a Deus que tudo acabou bem. Incrivel como as pessoas vivem suas vidas sem se importar com a dor do próximo, sobretudo quando o próximo está literalmente ao seu lado.
Luc

Anônimo disse...

Puxa, que coisa! Que bom que a Maya está bem!
Bjs

Anônimo disse...

Noosa é visivel que Deus estedeu
a mão dele naquela hora.
Gloria a Deus.
Parabens pelo testemunho

Ontem_vem_chegando disse...

"O Livro Tibetano do Viver e do Morrer" é um bom livro. Você escreve bem. Saúde!

Anônimo disse...

Cuide de você, do que sente, do que precisa, do que consome. Zele pelos seus pensamentos, cultive bons ideais, bons pensamentos, promova a alegria. Quem sente alegria espalha sementes do bem por onde passa.
Esteja bem!


Eu acredito em você

Anônimo disse...

Oi Silvana,
Graças a Deus que tudo acabou bem e que Maya nada sofreu.
beijo grande
Caito